segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Boys


Boys, Tachos e Cunhas na visão de uma adolescente



“Pai, o que é um boy?”
Esta pergunta feita pela minha filha mais nova, lendo por cima do meu ombro o Diário de Coimbra, não foi nada fácil de responder.
“Filha, nas tuas aulas de história já falaram do Hitler e do Salazar?”
“Sim pai, já.”
“Então pronto, vamos ver se consigo explicar de uma maneira clara. O Hitler e o Salazar mandavam nos seus países, mas como não tinham tempo para tudo decidiram criar, num caso a Gestapo e no outro a PIDE. Os membros dessas organizações faziam o que eles os dois não queriam fazer ou simplesmente não tinham tempo. As pessoas que trabalhavam nessas organizações eram todas (supostamente) da confiança deles, logo eram boys. Uns recebiam bons ordenados, outros nem por isso.”
“Então, mas pai, os boys só surgiram nessa altura?”
“Não filha, os boys já vêm desde o tempo de Jesus Cristo.”
“Desde o tempo de Jesus Cristo?” perguntou ela muito espantada.
“Sim filha, os Apóstolos.”
“A sério?!?”, novamente com cara de espanto.
“Pois. E depois foi uma bola de neve, os Césars, os Pápas, Afonso Henriques, etc, etc.”
“E isso parou no Salazar?”
“Não filha, depois apareceram os Partidos Políticos sérios (supostamente), os institutos, as empresas públicas, os sindicatos e as Juventudes Partidárias.”
“E aí apareceram os tachos?” questionou ela.
“Não filha, um tacho é diferente de um boy. O boy normalmente faz trabalho sujo de quem está acima dele. O tacho é alguém que ganha muito sem fazer nada.”
“Então mas ainda hoje ouvi na TV o Pedro Passas Lebres a dizer que com ele vão acabar os boys?!?!?!?”
“Não filha, vão apenas mudar de nome. Deve ficar mais ou menos Jobs for the Oranges” gracejei eu.
“Vão dar emprego a fruta???”
“É mais ou menos isso, filha. Uns com mais sumo, outros com menos”.
“Então mas como se chega a boy?” pergunta ela, curiosa.
“Bem, ou colas-te aos que mandam ou querem mandar e andas de bandeirinha na mão ou arranjas uma cunha.”
“Pai, o que é uma cunha?” pergunta a pequena.
“É um favor que um amigo pede a outro amigo para resolver o problema de um outro amigo” repondo.
“Ó pai, depois quando acabar a escola e quiser ir trabalhar pedes a um amigo que ajude aqui esta “amiga”, ahahahahah?” pergunta ela a rir.
“Claro, filha”
“Ó pai, e ao fazer isso não posso tirar o lugar a uma menina mais esperta que eu?” pergunta com alguma preocupação.
“Querida, isso é muito subjectivo”
“Pai, o que é subjectivo?”
“Filha, já viste as horas? Está na hora de ires dormir.”

"Ok pai, até amanhã!”

1 comentário:

Anónimo disse...

Jobs for the oranges, jobs for the boys, etc... é tudo a mesma coisa (só muda a côr) e todos fazem o mesmo!!! Não há santinhos!