Je t'aime...

Mais um contributo para o blog, enviado por mail em que a imaginação do seu autor estaria ao rubro. Qualquer semelhança com o original será pura coincidência, ou não...
É bom saber que existem tantos poetas em Penacova!

«O meu telemóvel tocou. Aquele som irritante ecoou e entrou nos meus ouvidos, apanhando-me em sobressalto e completamente distraído. Tentei reconhecer o número que o telemóvel mostrava, mas não me era conhecido. Tinha apagado da lista porque pensei que nunca mais me irias telefonar. Hesitei em atender, ou continuar o meu trabalho (qual trabalho?) que de certeza seria mais importante. Depois de alguns toques, atendi. A minha alma ficou parva (o resto que ainda não vendi), quando ouvi do outro lado, aquela voz suave e sedutora do Padrinho Marques que nunca conseguiria esquecer e o coração bateu forte, muito mais forte a cada palavra que ouvia de cumprimentos banais.

Recuperei o fôlego que tinha perdido e comecei a responder-te com grunhidos sem nexo, sem lógica, tentando disfarçar a enorme surpresa, que não era surpresa nenhuma porque sabia que me voltarias a ligar! Tinhas partido há uns anos atrás, abandonando-me, a mim e aos teus camaradas, voltavas agora de peito feito, com muitos ruídos e apitos, e bandeiras desfraldadas, e perguntavas como estava o legado, como me corria a vida? E eu, ainda meio esquisito, tentava acalmar-me (até porque estava a falar com o Padrinho, não era com qualquer badameco) tentando corrigir os tais grunhidos e ia te dizendo que estava tudo bem, que eu e o Suissinho Mamede dominamos o tacho. Sabe Deus o que sentia naquele momento, quase que me dava alguma coisinha má, quase não me consigo conter quando falo com ele!

             Recomposta que estava a respiração, lágrimas se formaram no canto dos olhos, logo me apressei a limpá-las, com medo que alguém se apercebesse de tamanha afronta á essência do homem, afinal não deixa de ser um paneleirice libertar lágrimas pelo meu ídolo, independentemente de ser o Padrinho ou o John Lennon. Conversa posta em dia, até porque desde Outubro de 2009 que não trocava-mos ideias! Não conseguias viver em paz enquanto não fizesses este telefonema, tinhas deixado tudo, e deixaste-me no meio das feras, a mim e ao Suissinho. Eu percebi e tentei dizer-te que continuavas no meu coração, mas as palavras não saíam (novamente o nervoso miudinho de falar com o Padrinho Marques), porque não sabia se estava triste, ou se estava feliz, por finalmente teres encontrado o teu caminho, a AR. Sempre soube, lá no fundinho que Penacova era pequena demais para ti, por isso teres mudado para o Tovim!

             Vieram aos meus pensamentos o dia em que me deixaste dizendo-me que voltavas em breve (ainda foram quase 2 anos). Senti que partia uma parte de mim quando não ganhaste as eleições. Abracei-me a uma árvore no terreiro, tentando aguentar a saudade que já sentia. Mas os meus pensamentos anteviam o que mais tarde veio a acontecer, reapareceste em grande! Antes disso escrevi dezenas de cartas que nunca obtiveram retorno, a perguntar quando voltarias para nos proteger bem debaixo da tua “asa”? Um dia acabei por desistir, mas a esperança ficou e eu continuei à espera. E agora como és importante, já nem te deves lembrar daqui destes teus dois “servos”.

             Agora, nos meus pensamentos digo-te que ainda não te esqueci (assim tipo “Brokeback Mountain”), que não consigo desprender-me deste nó que me aperta o coração, que ainda moras em mim, que eu preciso de ti e de repente olho para a televisão e lá te consigo ver, na 13ª fila da AR, umas vezes a bocejar, outras a passar mesmo pelas brasas. De repente, deixo de ouvir, e pensei que ias a passar no túnel do Marquês, nas não! Desligaste a merda do telemóvel, não quiseste mais conversa. Deves ter a mania! Eu estraguei tudo e se calhar tens razão, se calhar não, tu tens sempre razão, Padrinho.

Beijinhos deste (sempre) teu fiel!»